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domingo, 11 de outubro de 2009

Qual é a hora certa para se casar?


"O noivado é o tempo de preparação, da palavra empenhada. É a festa da palavra".

Namoro, noivado e casamento. Esses são os passos que os casais seguem desde que se conhecem até o momento em que decidem viver juntos para o resto da vida. Muitas vezes, os casais optam por partir do namoro direto para o casamento. Outros já nem se casam, simplesmente começam a namorar e resolvem morar juntos, talvez por falta de responsabilidade e compromisso. Com isso, uma fase importante do relacionamento tem sido esquecida: o noivado.

Embora para alguns essa tradição tenha caído em desuso, Márcio Mendes e Rose Marry, casal consagrado da Comunidade Canção Nova, pensam o contrário e explicam, em entrevista ao cancaonova.com, a importância dessa fase para o relacionamento e o que, realmente, muda na vida do casal quando resolvem assumir este compromisso.

Casados há 8 anos e pais de dois filhos, os missionários são formadores dos noivos da Comunidade Canção Nova. São eles que orientam os casais da comunidade e os auxiliam a viver de forma plena e consciente esta etapa da vida. Durante o bate-papo, na sala de Márcio no Departamento da TVCN em Cachoeira Paulista (SP), o casal conta qual é o sentido do casamento e o que deve ser observado pelos futuros cônjuges antes de assumir o matrimônio.

Em uma sociedade, na qual as tradições são pouco observadas, qual a importância de viver a fase de noivado?

O namoro é uma fase de aproximação, de conhecimento, na qual a amizade se instala de maneira mais eficaz. E, claro, o namoro, atingindo seu objetivo, vai levar o casal à conclusão de que a união provavelmente vai se estender pelo resto da vida. Ninguém pode entrar num relacionamento para o resto da vida sem antes se preparar; e o noivado é justamente este tempo de preparação, da palavra empenhada. O noivado é a festa da palavra, porque os noivos ainda não moram juntos, mas empenharam a palavra e agora entram numa fase de preparação para viver juntos.

Nesta sociedade imediatista, em que nós estamos, é um testemunho dos cristãos o fato de saberem esperar e promover as etapas corretas que um namoro precisa seguir.

Que sinais indicam o momento de assumir o compromisso do noivado?

Um relacionamento começa, antes de tudo, pela partilha e transparência, porque um precisa conhecer o outro, saber quais são as necessidades recíprocas e descobrir que, apesar de seus defeitos, ambos aceitam e querem aprofundar o relacionamento. O interessante é que o amor pressupõe conhecimento. Você ama à medida que conhece. Os sinais que manifestam a possibilidade e o momento para dar um passo concreto para o noivado vêm do conhecimento. Chega-se a um ponto em que o casal se conhece o suficiente para dizer: "Eu amo para estar com esta pessoa para o resto da minha vida".

Qual é o sentido do casamento?

Para o cristão e para a Palavra de Deus, o casamento só tem sentido nesta perspectiva: para o resto da vida. Caso contrário, é melhor que não se case, pois o amor não suporta experiências; ele não suporta que você se una ao outro para experimentar. Assim como não se deve pensar: "Eu vou me casar para somente eu ser feliz". É pensar: "Eu me caso para fazer o outro feliz e o outro se casa para me fazer feliz".

Existe ainda dentro do casamento a descoberta de um pelo outro.

Existe sim, mas o casamento não deve ser um dado experimental. Você não entra para ver se vai dar certo, mas porque precisa dar certo. Por isso, você tem todo o tempo de namoro que necessita. Se você precisa de 10 anos de namoro para conhecer a pessoa, namore os 10 anos; porque, no noivado, você vai se preparar para essa união conjugal: arrumar a casa, preparar a festa, juntar a família, trazê-la para perto de você.

Dentro do matrimônio, você vai viver uma eterna descoberta, porque nós não sabemos tudo sobre nós mesmos, quanto mais sobre o nosso cônjuge. Mas uma coisa é você descobrir aquilo que é corriqueiro, acidental, que tem a ver com gostos; outra, é você descobrir o que é essencial, que são os valores da pessoa, os projetos de vida que ela tem, se ela comunga com você a mesma mentalidade, a mesma fé. E são exatamente as outras descobertas que dão um sabor ao casamento, porque é uma delícia poder estar com alguém sobre quem você ainda não esgotou o conhecimento.

Na prática, qual a diferença entre o tempo de namoro do tempo de noivado?

Sobretudo, o compromisso. O namoro é um tempo em que você está escolhendo. A partir do momento em que você, no namoro, descobriu que é aquela pessoa [com quem quer compartilhar a vida], você parte para o noivado.

O nível de compromisso é completamente diferente, porque no namoro ainda não existe o nível de compromisso que o noivado tem. Você não entra no namoro porque vai casar, mas tendo em vista o casamento, porque, senão, não tem finalidade estar com a pessoa. Caso contrário, esse relacionamento não vai passar nunca de uma amizade e você vai estar explorando fisicamente o outro. E onde há esse tipo de exploração, não tem amizade, não tem compromisso, não tem seriedade; e entra a promiscuidade. O namoro acontece em vista do casamento, mas isso não significa que você vai se casar com a pessoa com quem está namorando; pois ainda não pesa sobre você o compromisso de uma escolha definitiva. Se não der certo, é para terminar mesmo! Tempo de namoro é tempo de escolha. Se você percebeu que, começando a namorar, os caminhos não se cruzam, termine o namoro e vá atrás de outra pessoa.

E aqueles que brigam muito durante o relacionamento, mas insistem no compromisso?

Existe algum problema para eles brigarem. Primeiro, eles têm que descobrir o motivo dessa briga, porque, geralmente, há um fundo no qual um não cedeu. E, dentro de um relacionamento, você precisa ceder em determinados momentos, independente de estar certo ou errado, porque essas discussões não levam a nada.

Relacionamento é comunhão. Quando as pessoas falam de casamento, noivado ou namoro, dizem que é preciso ter comunhão um com o outro, mas o que muitos não sabem é que a palavra "comunhão" é a mesma para a palavra "comunicação". O que é você ter comunhão com alguém? É ter comunicação com a outra pessoa. Então, quando há um casal que briga muito, ou eles não estão se entendo bem e a comunicação está afetada ou eles não têm comunhão mesmo. Eles se entendem, mas não comunicam um para o outro aquilo que dá sentido para a vida deles. Isso lhes traz um problema seriíssimo, porque, se o casal vive brigando, não tem como vislumbrar um futuro diferente para ele do que do namoro. Tudo o que acontece no namoro, vai acontecer no casamento de uma maneira mais intensa. Se o casal, que se encontra para namorar, que nem mora junto, não trabalha junto, mas, nos poucos momentos que tem já se desgasta num ninho de brigas, imagine quando dividir o mesmo quarto, o mesmo banheiro, a mesma cama... isso vai se agravar.

Quando há conflito familiar. O que deve ser feito?

Seria muito bom se as famílias pudessem participar concretamente do relacionamento, mas eu ponho a minha fé naquilo que diz a Sagrada Escritura: "O homem deixará seu pai e sua mãe, a mulher deixará o seu pai e sua mãe, se unirá ao seu cônjuge e serão uma só carne". Quem escolhe com quem vai se casar é a pessoa. A família precisa criar consciência, respeitar a escolha do seu filho e apoiá-lo. Nenhuma família é obrigada a gostar da escolha do seu filho ou da sua filha, mas se essa família é estruturada no amor, ela está obrigada a amar a escolha dos filhos. Ou seja, não precisa gostar, mas tem que amar, porque amar envolve respeito, acolhimento, integração. Se a família não aceita, mas a pessoa que vai casar tem segurança do amor que tem pelo outro, ela deve prosseguir, deve enfrentar as dificuldades que virão e deve conversar muito com a sua família para que esta entenda a escolha que ela fez e a respeite, respeitando o cônjuge como respeita o seu próprio filho.

E quanto às diferenças religiosas?

Isso interfere e muito, porque a religião é uma das coisas mais importantes na vida de alguém, pois o ser humano é um ser religioso. Mesmo quem não freqüenta uma igreja, tem dentro do seu coração um apelo para Deus e para as coisas d'Ele. As pessoas tocam todos os dias em realidades que as remetem para Deus. Quem é que não pensa, por exemplo, sobre o dia em que vai morrer? Todo mundo pensa sobre isso; então, todo mundo tem dentro de si uma obrigação religiosa, todos querem dar uma satisfação a Deus da sua vida.

Se a orientação religiosa da esposa é diferente da orientação do marido, eles podem até conviver bem durante um tempo, mas e quando vierem os filhos? Em que fé eles vão educar essas crianças? É claro que se o marido acredita na fé que ele segue ele vai querer educar os filhos [na mesma fé] porque vai querer lhes dar o melhor. A mesma coisa, vai acontecer com a esposa: se ela for uma religiosa convicta, vai querer dar aos filhos aquilo que ela acredita ser o melhor e a salvação para eles. Nesta hora, o relacionamento sofre muito; e não sofrem só os dois, sofrem os filhos que ficam divididos. Por isso, acho que é um grande complicador quando existem religiões diferentes dentro do casamento. Isso não o torna impossível nem torna o amor entre essas pessoas impossível, mas acrescenta, além das dificuldades normais de um matrimônio, uma dificuldade grave, séria, que precisa ser superada.

Em que a não vivência da castidade pode afetar o futuro matrimônio?

Um relacionamento que não começa de forma correta, não vai terminar bem. O tempo de namoro é um tempo de conhecimento, de busca. Muitos jovens se entregam na vontade de satisfazer o corpo, mas nós cristãos sabemos que se buscamos viver a castidade, num relacionamento puro, Deus vai nos completar com graças maiores que virão.

A castidade não é a privação do sexo; é colocá-lo no lugar que ele precisa estar. Ninguém sai transando com os amigos, porque amizade é uma coisa e um relacionamento afetivo e sexual é outro. Para você ter uma amizade saudável, você precisa respeitar os limites dela. Nós vemos, pela prática, que muitas pessoas romperam relacionamentos lindos, que poderiam ter se tornado os mais importantes da vida delas porque houve esse tipo de abuso. Aquilo que era sagrado para o outro, foi violado.

Que sagrado é esse?

A entrega. Você não compartilha o seu corpo com qualquer pessoa, mas com alguém que você quis trazer para a sua máxima intimidade; e isso é o matrimônio. Se você é tão amigo de uma pessoa e percebe que quer lhe dar o seu corpo e a sua vida, você vai se casar com ela. Sendo assim, se você tem certeza de que é ela a pessoa certa, assuma um compromisso. Se você ama para casar, precisa assumir o outro publicamente. Ou você tem vergonha do seu cônjuge? Ou não tem certeza da decisão que vai tomar? Se você não tem certeza, não deve casar. Como você vai entregar para alguém algo que é importante, sagrado e íntimo, quando já o destruiu, já o usurpou e o distribuiu de maneira fútil para qualquer pessoa? Nós vemos que a castidade ainda é uma exigência, porque as mesmas pessoas que a combatem, quando querem se unir a alguém, unem-se a alguém que seja casto. A castidade é um estado que, no tempo de preparação, permite a você ver o quão fiel e exclusiva aquela pessoa pode ser a você e o quão fiel e exclusivo você pode ser para aquela pessoa. O tempo de namoro é um tempo para este tipo de verificação.

Um casal que vive a castidade corre o risco de se precipitar em relação ao matrimônio para que possa viver o sexo?

Se eles não forem inteligentes, sim. Um casal inteligente não faz isso, porque não pauta a vida no sexo, pois, percebe que a vida é muito mais do que isso. Esse casal sabe que não precisa correr, porque vai ter toda a vida para desfrutar disso ao lado do outro. Agora, se ambos estão afobados, precisam se perguntar se o que querem é uma união de vida, de coração ou se querem viver um "desafogar" sexual, sem estabelecer vínculos profundos.

Muitos casais querem ter tudo antes de casar: casa, móveis, emprego.... Até que ponto isso é válido, visto que não é uma tarefa nada fácil hoje em dia?

Não é mesmo. Quando você se casa, existe a necessidade de ter o seu "cantinho", porque se você vai morar com a sua mãe ou com a sua sogra, vai haver conflitos, pois sua mãe tem um modo de ver o relacionamento; já teve uma experiência; o mesmo vale para a sogra. Isso impede que você tenha a sua experiência. Você precisa ter a sua casa para poder conhece o outro e o outro conhecer você; e uma terceira pessoa vai ser um empecilho.

A pessoa também não deve fazer loucuras, não deve entrar num relacionamento com a cara e a coragem para ver o que é que vai dar. Se você não criou um ambiente necessário para o desenvolvimento familiar, como ter uma família que lhe dê um resultado de felicidade? A família conta com a sua colaboração para a construção dela. Então, nem a loucura de querer construir um universo antes de casar é recomendável (só para gozar daquilo que você já construiu), nem entrar no matrimônio com a cara e a coragem para ver no que é que vai dar. Isso é o supra-sumo da irresponsabilidade. Se o objetivo é a construção de uma vida conjunta, o esforço do marido, junto com o esforço da esposa, vai lhes facilitar essa construção. Não precisa ter aquele desespero da casa quitada, do carro pago, mais de uma fonte de renda. Temos de acreditar na generosidade de Deus, no compromisso que estamos assumindo junto com o outro.

Escrito por Márcio Mendes e Rose Marry

Colaboradora
Cleane Medeiros

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