BEM-VINDOS À FESTA DO NOSSO PADROEIRO!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Homilia do 2º. Domingo da Quaresma – Ano C Subir e descer do Tabor. Não armar tendas!


Leitura (Gênesis 15,5-12.17-18)
Salmo responsorial 26/27
Leitura (Filipenses 3,17-4,1)
Evangelho (Lucas 9,28-36)
COMENTÁRIO:

O segundo domingo da quaresma nos apresenta o tema da transfiguração. Jesus sobe ao monte para conversar com Deus, como também Abraão havia feito. Numa atitude orante, transfigura-se diante de Pedro, Tiago e João. Três movimentos marcam a experiência do Tabor.

Subir ao monte e encontrar-se com o Senhor Transfigurado.

 Nossa vida é marcada por experiências de plenitude, de integridade. Destacam-se, sobretudo, os momentos de oração, que nos fazem descansar no cume do monte, ganhar forças. É a vida de experiência com o Senhor que orienta a nossa vontade para a vontade do Pai. Também as situações que nos trazem felicidade são experiências de Tabor: estar com a família, conviver com os amigos, ouvir uma boa música, ler um bom livro... A vida nos oferece muitas experiências de encontro com Deus, de consolação, ou seja, momentos de ressurreição. A Transfiguração é também a antecipação da glória. Nós vivemos na esperança do que virá, sem ainda experimentarmos a plenitude do mundo futuro. Enquanto aguardamos, nós podemos visualizar os sinais que Deus nos concede. Não temos a plena visão, somente sinais. É preciso crer como Abraão que esperou a noite toda para ver o fogo devorador (1ª. Leitura). Vivemos da certeza de nossa pátria definitiva, como nos diz S. Paulo: “Mas a nossa pátria está nos Céus, donde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo miserável, para torná-lo semelhante ao seu corpo glorioso, pelo poder que Ele tem de sujeitar a Si todo o universo.” (2ª. Leitura). Os apóstolos puderam entender a cruz, mesmo com muito custo, porque Jesus antecipou a sua vitória sobre a morte em sua transfiguração.

Armar as tendas, no desejo de ficar em cima do monte.

 A experiência foi tão extraordinária, que Pedro não quis descer do monte: “Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Jesus não alimentou o desejo do apóstolo, pois entendeu que seu pedido era sinal de resistência, de falta de comprometimento. Não é possível ficar no monte, contemplando a Transfiguração, sem a consciência de que é preciso descer do monte para assumir a vida. Pessoalmente, cada cristão deve refletir sobre a tentação da imobilidade e de resistência que sempre batem a nossa porta. É sempre mais fácil fugir do compromisso, não dar o passo, assistir o mundo repleto de injustiças, de atentados que impendem o acontecimento do Reino. Que imobilidades precisam ser vencidas?

Descer do monte.

A ressurreição só seria possível depois da cruz, por isso era necessário descer da montanha e seguir caminho para Jerusalém. Por isso, Jesus cessou o momento do êxtase, da brancura reluzente de suas vestes e levou os seus discípulos da montanha para completar a sua missão. Nós, igualmente, ainda não completamos nossa missão, ainda não estamos no Tabor da eternidade. Por isso, precisamos nos alimentar de cada encontro e reencontro com o Senhor para que, fortalecidos, possamos levar a cabo a missão de abraçar as cruzes do dia a dia, da vitória gradativa e cotidiana sobre o pecado e de proporcionar tabores de transfiguração onde há lágrima e dor.

Pe. Roberto Nentwig
Fonte: http://catequeseebiblia.blogspot.com.br

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Papa estuda possibilidade de "Motu Proprio" para esclarecer pontos do Conclave, afirma Pe. Lombardi



Durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, 20 de fevereiro, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, afirmou que "o Papa está considerando a possibilidade da publicação de um Motu Proprio, nos próximos dias, obviamente antes do início da Sé Vacante, para precisar alguns pontos particulares da Constituição apostólica sobre o Conclave, pontos estes que ao longo dos últimos anos foram apresentados".

O religioso não soube dizer se o Pontífice vai considerar necessário ou oportuno fazer este esclarecimento sobre a questão do tempo de início do Conclave. “Se e quando o documento será publicado o veremos. O que me resulta é o estudo, por exemplo, de alguns pontos de detalhe para a plena harmonização com outro documento que diz respeito ao conclave, ou seja, o Ordo Rituum Conclavis", prosseguiu Pe. Lombardi.
De acordo com o porta-voz, a decisão depende apenas da avaliação de Bento XVI, que julgará ou não ser necessária a publicação de um documento como este.

Fonte: http://www.cnbb.org.br

Bento XVI nomeia dois novos bispos para o Brasil nesta quinta-feira



Os monsenhores Marco Aurélio Gubiotti e Gabriele Marchesi foram nomeados, nesta quinta-feira, 21 de fevereiro, novos bispos para o Brasil. Monsenhor Marco Aurélio  como novo bispo da diocese de Itabira-Coronel Fabriciano (MG) e para a  diocese de Floresta (PE), foi nomeado o monsenhor Gabriele Marchesi.

Monsenhor Marco Aurélio Bubiotti é mineiro de Ouro Fino (MG), e tem 49 anos de idade. Cursou filosofia no Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre, e a teologia no Instituto Teológico Sagrado Coração de Jesus, em Taubaté (SP). Foi ordenado presbítero em 1989, e exerceu a missão paroquial nas cidades de Brasópolis, Jacutinga, Tocos do Mogi, Bela Vista e Santa Rita do Sapucaí. Obteve o título de Mestre em Estudos Bíblicos pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo (SP). Colaborou com a formação no Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre e foi diretor do Instituto Teológico Interdiocesano São José (2000 a 2005) e da Faculdade Católica de Pouso Alegre (2006 a 2009). Atualmente, padre Marco Aurélio era pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Pouso Alegre.

Monsenhor Gabriele Marchesi nasceu em Incisa Valdarno, na Itália, e está com 59 anos de idade. Cursou filosofia no seminário diocesano de Fiesole, e a teologia em Fiorentino. Ordenado sacerdote em 1978, atuou como pároco na diocese de Fiesole até 2003, quando veio para o Brasil. Desde então, está na diocese de Viana (MA) como sacerdote “Fidei Donum”. Atualmente, era o pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo e Nossa Senhora do Rosário na cidade de Pedro do Rosário (MA), e também o coordenador de pastoral da diocese.

Fonte: http://www.cnbb.org.br

domingo, 17 de fevereiro de 2013

ORIGEM, HISTÓRIA E ESPIRITUALIDADE DA QUARESMA



Pode-se entender melhor o significado da Quaresma, decidida pelo Vaticano II, conhecendo a história deste tempo litúrgico. A celebração da Páscoa, nos três primeiros séculos da Igreja, não tinha um período de preparação. Limitava-se a um jejum realizado nos dois dias anteriores. A comunidade cristã vivia tão intensamente o empenho cristão, até o testemunho do martírio, que não sentia a necessidade de um período de tempo para renovar a conversão já acontecida com o batismo.

Ela prolongava, porém, a alegria da celebração pascal por cinqüenta dias (Pentecostes). Após a Paz de Constantino, quando a tensão diminuiu no empenho da vida cristã, começou-se a perceber a necessidade de um período de tempo para admoestar os fiéis sobre uma maior coerência com o batismo. Nascem assim as prescrições sobre um período de preparação à Páscoa.

No Oriente, encontramos os primeiros sinais de um período pré-pascal, como preparação espiritual à celebração do grande mistério, no princípio do século IV. Santo Atanásio nas "Cartas pascais" (entre os anos 330 e 347), São Cirilo de Jerusalém nas Protocatequeses e nas Catequeses mistagógicas (347), fala desse período como realidade conhecida. Eusébio (+340) em De solemnitate paschali fala do "quadragesimo exercitium......santos Moyses e Eliam imitantes" (Cf. PG 24,697).

No Ocidente, temos testemunhos diretos somente no fim do século IV. Falam desse período Etéria (385) em seu Itinerarium (27,1) pela Espanha e Aquitânia; Santo Agostinho para a África; Santo Ambrosio (+ 396) para Milão.

Não sabemos com certeza onde, por meio de quem e como surgiu a Quaresma, sobretudo em Roma; apenas sabemos que ela foi se formando progressivamente. Ela tem uma pré-história, ligada a uma praxe penitencial preparatória à Páscoa, que começou a firmar-se desde a metade do século II.

Até o século IV, a única semana de jejum era aquela que precedia a Páscoa .Na metade do século IV, já vemos acrescentadas a esta semana outras três, compreendendo assim quatro semanas.A partir do fim do século IV, a estrutura da Quaresma é aquela dos "quarentas dias", considerados à luz do simbolismo bíblico, que dá a este tempo um valor salvífico-redentor, cujo sinal é a denominação "sacramentum".

Celebrar a Quaresma é portanto, reconhecer a presença de Deus na caminhada, no trabalho, na luta, no sofrimento e na dor da vida do povo.Como o povo de Israel, que andou 40 anos no deserto antes de chegar à terra prometida, terra da promessa onde corre leite e mel. Como Jesus, que passou quarenta dias de retiro no deserto antes de anunciar a vinda do Reino.

Que subiu a Jerusalém para cumprir a missão que o Pai lhe confiou: dar a sua vida e ser glorificado. A Quaresma, e isso é bem evidenciado na sua história, é um tempo forte de conversão e de mudança interior, tempo de deixar tudo o que é velho em nós, tempo de assumir tudo o que traz vida para a gente.

Tempo de graça e salvação, em que nos preparamos para viver, de maneira intensa, livre e amorosa, o momento mais importante do ano litúrgico, da história da salvação, a Páscoa, aliança definitiva, vitória sobre o pecado, a escravidão e a morte.

 A espiritualidade da quaresma é caracterizada também por uma atenta, profunda e prolongada escuta da Palavra de Deus. É esta Palavra que ilumina a vida e chama à conversão, infundindo confiança na misericórdia de Deus.

O confronto com o Evangelho ajuda a perceber o mal, o pecado, na perspectiva da Aliança, isto é, a misteriosa relação nupcial de amor entre deus e o seu povo. Motiva para atitudes de partilha do amor misericordioso e da alegria do Pai com os irmãos que voltam convertidos. Fazer da Quaresma um tempo favorável de avaliação de nossas opções de vida e linha de trabalho, para corrigir os erros e aprofundar a vivencia da fé, abrindo-nos a Deus, aos outros e realizando ações concretas de fraternidade, de solidariedade.

Por: Padre Gian Luigi Morgano
Fonte: http://www.catequisar.com.br

Falando sobre Dízimo: "O QUE É DÍZIMO E O QUE NÃO É DÍZIMO?"


Para entender o dízimo hoje é preciso ter em mente duas coisas fundamentais: Primeiro, tudo o que somos e o que temos vem de Deus, nada é nosso, tudo nos é dado gratuitamente por Deus. Segunda coisa é que nós pertencemos a uma comunidade, não vivemos sozinhos, participamos de uma comunidade e somos responsáveis por ela. 

Assim, o dízimo, para nós dizimistas, assume os seguintes significados: 

· Culto de louvor a Deus. O dízimo expressa nosso amor e fidelidade ao Pai; 

· Reconhecimento de que tudo o que temos vem de Deus. Nada é nosso. Tudo o que “conquistamos” foi-nos dado por graça de Deus; 

· Comunhão com os irmãos. O que temos foi-nos dado para ser colocado em comum para que cada um receba segundo as suas necessidades. Dízimo é partilha. E partilhar não é dar o que nos sobra, mas dar o que o outro precisa; 

Por outro lado, para quem administra o dízimo, ele tem o significado de manutenção. É o que torna possível a vivências das três dimensões da ação evangelizadora da Igreja: dimensão religiosa, dimensão missionária e dimensão social. 

A dimensão religiosa se refere à manutenção do templo, da liturgia e dos sacerdotes. É com o dízimo que são pagas todas as despesas relacionadas à igreja-templo: energia elétrica, água, telefone, impostos, reformas, etc. Também são comprados todos os materiais de uso nas liturgias. Você já parou para pensar o quanto se gasta para que aconteçam as missas em sua comunidade? São as hóstias, as velas, os folhetos, os livros de canto, as vestes litúrgicas, os objetos sagrados e alguns outros materiais. 

Outra dimensão apoiada pelo dízimo é a dimensão missionária. A Igreja é chamada à missão, a anunciar o Evangelho aos quatro cantos do mundo. E essa ação missionária também requer investimentos. Nada é de graça. O dízimo tem o papel de financiar as atividades missionárias e de formação dentro da comunidade. 

A terceira dimensão em que o dízimo é fundamental é a dimensão social. A Igreja Católica fez uma opção preferencial pelos pobres. Tem o dever de promover e ajudar os que sofrem. É missão de todos nós. É com o dízimo que a comunidade pode realizar as obras de caridade e promoção humana, tão necessárias nos dias de hoje. 

Vemos o outro lado da moeda, o lado que muitas pessoas ainda seguem observando e colocando em prática no decorrer de suas vidas, de suas teorias. O que o dízimo não é? 

O dízimo não é imposto. A Igreja não cobra impostos de seus fiéis. Como vimos, devolver o dízimo não significa tirar 10% de tudo o que ganhamos. Dízimo é partilha, é ir ao encontro das necessidades da sua comunidade. 

Dízimo não é mensalidade. Não podemos pensar no dízimo como uma mensalidade obrigatória para a participação na Igreja. Em um clube, é obrigatório o pagamento da mensalidade para que você possa entrar e se divertir nele. O não pagamento dela implica na perda do direito de utilizar o clube. Na Igreja, não existe mensalidade. A Igreja está aberta e sempre estará aberta à participação de todos. O Dízimo é uma oferta livre e espontânea. Sinal do nosso compromisso com Deus e com a comunidade. 

Dízimo não é investimento. Precisamos ter muito cuidado com uma idéia de dízimo como um investimento. “Vou dar o meu dízimo para que Deus me abençoe e me dê tudo o que quero”. Em muitos lugares as pessoas são enganadas com esse tipo de proposta: “Pague o seu dízimo e você verá o que Deus irá fazer em sua vida!”. E, assim, as pessoas dão tudo o que tem com o interesse de que Deus lhes dê um bom emprego, uma casa nova, um carro de luxo, etc. Dízimo é ação de graças, é reconhecimento de que tudo o que temos vem de Deus. Nada é nosso. 

Diante de tudo isso, nos resta fazermos uma análise de nossa vida e pensarmos se estamos realmente comprometidos com a obra de Deus, comprometidos com a Igreja, comprometidos com nossa comunidade. 

Outra dúvida que nos leva muito a pensar é: “qual o valor que deve ser o meu dízimo?”. Olhe, a Bíblia Sagrada nos fala que o Dízimo deve ser a décima parte de tudo o que ganhamos, mas, como a Igreja Católica conhece a necessidade e a vida de seus fiéis, trabalha um pouquinho diferente no que se diz a este respeito. 

Diante disso, a Igreja propôs que as pessoas vissem as suas reais condições e devolvessem a partir de 1% de sua renda total durante o mês “conforme o impulso de seu coração”. 

Por exemplo, quem ganha somente um salário mínimo por mês: R$ 678,00, irá separar 1% dele para o Dízimo, ou seja, R$ 6,78, já que ela em suas condições não podem devolver mais do que isso. Ou outro valor, conforme as suas condições financeiras, analisando sempre a sua consciência diante de Deus e das necessidades da comunidade ( adaptação, grifo meu).

Mas, também tem os casos que a pessoa ganha mais de um salário mínimo. Nisso, ele verá a partir de quanto deverá devolver. 

Quaisquer dúvida, procure a Secretaria Paroquial de sua cidade e converse com o padre da sua Paróquia sobre tal situação ou então procure um missionário do Dízimo para que ele atenda e saiba responder às dúvidas que tem sobre este assunto. (adaptação, grifo meu).

Ademilson Medeiros de Azevedo 
Coordenador Paroquial do Dízimo
Paróquia de Nossa Senhora da Conceição - Jardim do Seridó-RN

Adaptação do texto: Pe. Cláudio Dantas de Oliveira
Vigário paroquial de São João Batista - São João do Sabugi/Ipueira-RN

Fonte: http://gothjs.blogspot.com.br

sábado, 16 de fevereiro de 2013

CONCLAVE QUE ESCOLHERÁ NOVO PAPA PODE SER ANTECIPADO



Cidade do Vaticano, 16 fev (EFE).- O conclave que escolherá o próximo papa, que sucederá Bento XVI, poderá começar antes de 15 de março, data prevista inicialmente, caso todos os cardeais eleitores se encontrem em Roma, explicou neste sábado o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

Em entrevista coletiva, o representante explicou que, além disso, o atual papa, que renunciará no dia 28 de fevereiro, permanecerá dois meses na residência apostólica de Castelgandolfo antes de se partir para um mosteiro no interior da Cidade do Vaticano.

Segundo Lombardi, na constituição apostólica 'Universi dominici gregis' é indicado que o começo do conclave deve acontecer de 15 a 20 dias depois do início da chamada 'Sé Vacante', para que haja tempo dos eleitores se deslocarem a Roma.

'Se todos chegarem antes, pode ser antecipado', disse o porta-voz do Vaticano. Lombardi confirmou que alguns cardeais corroboraram essa interpretação, completando que informações mais detalhadas sobre essa possibilidade serão divulgadas nos próximos dias.

Sobre o estado de Bento XVI após o anúncio da renúncia, Lombardi comentou que o secretário pessoal do papa e prefeito da Casa Pontifica, Georg Gaenswein, disse hoje que se pode notar 'o sentimento de serenidade e distensão, apesar dos dias emocionantes e fatigados', do líder da Igraja Católica.

Fonte: http://noticias.br.msn.com

NÚNCIO APOSTÓLICO PRESENTE NA CELEBRAÇÃO DOS 50 ANOS DA CF



O Núncio Apostólico no Brasil, dom Giovanni d"Aniello, participou nesta sexta-feira, 15 de fevereiro, em Nísia Floresta (RN) da cerimônia que marcou os 50 anos da Campanha da Fraternidade, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A seguir, reproduzimos a íntegra do discurso apresentado por ele na solenidade.

Eminências e Excelências Reverendíssimas
Distintos membros do Regional Nordeste 2 da CNBB

Meus amigos,

Agradeço de coração o convite para participar do lançamento da Campanha da Fraternidade de 2013, numa celebração que faz parte da comemoração dos 50 anos que, por iniciativa do saudoso Cardeal Dom Eugênio de Araújo Salles, iniciou sua caminhada de solidariedade e de esperança da Igreja no Brasil.

Ao Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira da Rocha, minhas sinceras homenagens de gratidão também por aceitar que a celebração fosse realizada nesta Igreja local, relembrando a primeira Campanha realizada na Arquidiocese de Natal, em abril de 1962.

A visita de Suas Eminências e Excelências a Nísia Floresta e Timbó teve um expressivo significado para a história da evangelização no Brasil, pois refletia a particularidade de recordar o objetivo primordial da Campanha, destinada a recolher meios para as obras sociais e apostólicas da Arquidiocese. Sua importância foi logo percebida, pois, nos anos seguintes, estendeu-se, através de seus diversos temas, a todo o território nacional.

Como foi justamente ressaltado pelo Secretário Executivo da Campanha, o Padre Luiz Carlos Dias, a edição de 2013, além de ser um momento comemorativo, será também um momento de revisão da Campanha da Fraternidade, frisando a necessidade de um aprimoramento da Campanha para que esta possa ser sempre mais um “forte poder de evangelização”.

Penso que todos estamos de acordo que esta celebração adquire uma importância ainda maior, considerando que estamos no Ano da Fé que, como afirmou o Santo Padre, foi instituído para suscitar “em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança” (Carta Apostólica Porta Fidei, 9). Nesse sentido, o tema da Campanha, sugerido e aprovado para este ano, não podia ter sido melhor: “Fraternidade e Juventude”. Por certo, as diretrizes propostas são dirigidas a todos os católicos indistintamente, mas existe uma feliz coincidência no seu objetivo, se pensarmos que, dentro de poucos meses, o Brasil será sede da Jornada Mundial da Juventude.

Essa convocação foi feita pelo Papa Bento XVI ao anuncia o lema da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013. “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19), durante a audiência geral no dia 24 de agosto.

Em 2011, na Capital da Espanha, o Papa chamou aquela Jornada de “uma formidável experiência de fraternidade, de encontro com o Senhor, de partilha e de crescimento na fé: uma verdadeira cascata de luz”.
Por isso, é tão importante que os jovens do Brasil e do mundo assumam desde agora esse chamado à missão e participem da Jornada como testemunhas vivas do Cristo.

Esse tema é para ser refletido e meditado: fazer discípulos e chamar outras pessoas para a comunhão e o convívio com o Senhor. Esse mandato, essa missão já está anunciada nos Evangelhos. E, na verdade, só faz discípulo quem já é discípulo, quem convive com o Senhor.

“O que ganha o discípulo de Jesus? Ganha a pertença ao reino, a certeza do amor de Deus, ganha a certeza de ser para os outros sinal de misericórdia e amor. Ganha o levar e doar a paz do Senhor.  São esses os frutos e os dons de que o mundo mais precisa. O perdão, a misericórdia, a paz é que farão diminuir na sociedade, no mundo de hoje, a violência, a guerra, a corrupção, a maldade, tudo aquilo que tira a possibilidade do jovem crescer e colocar toda a sua riqueza e vitalidade a serviço da humanidade”, afirmou o Papa.

No mandato final do texto de Mateus – “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” – está o grande sonho de todos, porque o contato com o Senhor, a amizade com Ele, desperta o que cada um tem de melhor em si mesmo.

“Vivemos num mundo onde há muitos desperdícios, perdas humanas por falta de chance. O convívio com o Senhor desperta o que temos de melhor. O  anúncio “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” é um anúncio para a vida toda. Em nenhum momento podemos interrompe-lo, porque ele supõe que quem é amigo do Senhor, por sua vida e por seu estar no mundo, comunica aos outros a luz, a beleza e a alegria de ser discípulo do Senhor. Essa é a missão de que precisa a nossa Igreja”.

“Ide e fazei discípulos entre todas as nações!” (Mt 28,19) é o lema da Campanha.

Confiando-nos este mandato, o Senhor quis acentuar a confiança que em nós deposita e confirmar os sentimentos de amizade que nutre por aqueles que estão dispostos a segui-lo.
Amigos e mensageiros! Que combinação maravilhosa, que descoberta extraordinária a de saber-nos amigos de Cristo e seus colaboradores na construção do Reino. Mas também, quanta disponibilidade encerra e quão grande tem de ser nossa consciência ao sabermos que o Senhor quer servir-se de nós para espalhar seu amor pelo mundo inteiro.

Como disse o Santo Padre Bento XVI em sua mensagem à Juventude em 2012: “A Igreja tem a vocação de levar ao mundo a alegria; uma alegria autêntica e duradoura, aquela que os anjos anunciaram aos pastores de Belém na noite do nascimento de Jesus (cf. Lc 2,10). No difícil contexto atual, muitos jovens ao vosso redor tem uma imensa necessidade de sentir que a mensagem cristã é uma mensagem de alegria e de esperança!”

Como a Igreja nos ensina, esta missão tem de ser levada à frente com amor.

Como nos lembra o Santo Padre Bento XVI em sua encíclica: Deus caritas est, esse amor não é uma condição abstrata, mas é uma pessoa: Jesus; é um acontecimento através de sua encarnação, morte e ressurreição. Algo que não acabou, mas que se repete e que age em todos os momentos de nossa vida através da ação do Espírito Santo: a redenção continua sempre.

A humanidade tem caminhado ainda agora e sempre caminhará com fome da palavra e do conhecimento de Deus, mesmo que muitas pessoas não estejam conscientes dessa profunda necessidade de suas almas. E ao conceder-nos o dom da fé, o Senhor impõe-nos o dever de despertarmos e de despertar aqueles que se encontram mergulhados no sono da ineficácia e da morte.

Compete-nos o dever diário de renovar o desejo de colocar Cristo no cume e no íntimo das realidades humanas. Para isso, é necessário crescer no relacionamento pessoal com Deus e na entrega aos outros, contribuindo com o nosso grãozinho de areia – a entrega diária total – para a construção de um mundo renovado pela graça e pelo sal do Evangelho, que o Senhor confiou aos seus discípulos.

Precisamente por isso, a formação da juventude deve ter sempre uma especial importância nas diretrizes pastorais de cada Diocese. Em várias ocasiões, o Santo Padre Bento XVI fez notar as contradições do tempo em que vivemos. “Em várias partes do mundo, existe hoje um estranho esquecimento de Deus. Parece que tudo caminha igualmente sem Ele. Mas existe, ao mesmo tempo, também um sentimento de frustração, de insatisfação de tudo e de todos. É espontâneo exclamar: não é possível que esta seja a vida! Deveras, não. E assim, juntamente com o esquecimento de Deus existe um “boom” do religioso. Não quero desacreditar – diz o Santo Padre – tudo o que existe neste contexto. Pode existir nisto também a alegria sincera da descoberta. Mas para dizer a verdade, não raramente a religião se torna quase um produto de consumo. Escolhe-se aquilo de que se gosta, e alguns sabem até tirar dela algum proveito. Mas a religião procurada a seu ‘bel-prazer’ no fim não nos ajuda” (Homilia, 21-8-2005). E o Papa concluía com o seguinte convite: “Ajudai os homens a descobrir a verdadeira estrela que nos indica o caminho: Jesus Cristo!”

Não é por acaso esse risco que a nossa juventude está correndo? Analisando os ensinamento dos Santos Padres, Bento XVI detém-se num ponto de particular importância para os momentos atuais. Ele afirma que o grande erro das antigas religiões pagãs consistiu em ignorar os caminhos traçados no fundo das almas pela Sabedoria divina. “Por isso, o ocaso da religião pagã era inevitável: fluía como consequência lógica do afastamento da religião reduzida a um conjunto artificial de cerimônias, convenções e hábitos” (Discurso na audiência geral, 21-2-2007). O Papa acrescenta que os antigos Padres e escritores cristãos, pelo contrário, optaram pela “verdade do ser contra o mito do costume” (Ibidem). Tertuliano, como menciona o Pontífice, escreveu: “Dominus noster Christus veritatem se, non consuetudinem, cognominavit Cristo afirmou ser a verdade, não o costume”. (Sobre o véu das virgens, I, 1 PL 2,889). O Sucessor de Pedro nos assinala que “a este propósito observe-se que a palavra consuetudo, aqui empregada por Tertuliano referindo-se à religião pagã, pode ser traduzida nas línguas modernas com as expressões <>, <>” (Ibidem).

Não tenhamos dúvidas: apesar da aparente vitória do relativismo em alguns lugares, esse modo de pensar e de desorientar tantas pessoas acabará por desmoronar como um castelo de cartas de baralho, por não estar escorado na verdade de Deus Criador e Providente, que guia os caminhos da história. Ao mesmo tempo, a realidade que vemos à nossa volta deve nos encorajar a não nos abandonarmos e a não abandonar as pessoas que estão num estado de desilusão e de falta de conteúdo.

Nossos jovens necessitam da fé e do vigor que ela nos transmite. A eles é preciso dizer: “Convençam-se e suscitem nos outros a convicção de que nós, os cristãos, temos de navegar contra a corrente. Não se deixem levar por falsas ilusões. Pensem bem: contra a corrente andou Jesus, contra a corrente foram Pedro e os outros primeiros apóstolos e todos aqueles que ao longo dos séculos quiseram ser discípulos fiéis do Mestre. Tenham, pois, a firme persuasão de que não é a doutrina de Jesus Cristo que deve se adaptar aos tempo, mas sim os tempos é que devem abrir-se à luz do Salvador”.

Vamos confiar nas palavras de Bento XVI quando vem afirmando que: “Caritas Christi urget nos – o amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, envia-nos pelas estradas do mundo a proclamar seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28,19). Com seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja, confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto em favor de uma nova evangelização, para descobrir novamente a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé (Porta Fidei, 7).

Não creio sair do objetivo desta minha intervenção se procurarmos renovar nossa convicção de que, na linha pastoral de qualquer Diocese, devemos incluir a necessidade imperiosa de que a juventude seja orientada e formada por um sadio conceito da família.
É conhecida a sentença que, com pequenas variantes, afirma “Família sadia, sociedade sadia. Família em crise, sociedade em crise”.

A abrangência dessa afirmação poder ser discutível, mas é inegável que encerra um grande núcleo de verdade.
Sobre a importância social da família já se escreveram volumes alentados, análises e estudos muito ponderáveis. Eu desejaria agora, concretamente, frisar apenas uma das razões que, a meu ver, evidencia o nexo de casualidade existente entre família sadia e sociedade sadia.

Refiro-me ao fato que, na sociedade, não há nenhum âmbito de crescimento humano e moral, nenhum ambiente educativo, nenhum “coletivo” tão propício e eficaz para o cultivo das virtudes como a família bem estruturada. E isso parece-me de suma importância, levando em consideração que, no mundo atual, aparece sempre mais evidente que a sociedade precisa das virtudes como de um oxigênio vital, de virtudes aprendidas, arraigadas, exercidas e desenvolvidas até a maturidade. Decadência social e ignorância ou desprezo pelas virtudes são a mesma coisa.

A não ser que hoje ainda se considerem vigentes as afirmações feitas pelo poeta Paul Valéry, em famoso discurso à Academia Francesa: <>.

Seria de desejar que atitudes desse tipo tivessem ficado enterradas no passado. Quando Valéry falava, virtude sugeria limite, enquadramento, barreira obsoleta, num ambiente ébrio do vinho novo da liberdade. A centralidade da virtude na formação do ser humano havia cedido o espaço à liberdade sem limites, numa eufórica erupção de individualismo egocêntrico (que, paradoxalmente, na primeira metade do século XX, descambou nas duas maiores tiranias da história). A sociedade atual, com suas mazelas, com os preocupantes desvios de uma parte não pequena da juventude (basta pensar nas drogas) é de molde a reacender uma autêntica “saudade das virtudes”. Mas, pergunto-me, será possível ao mesmo tempo em que se exalta como nunca a “liberdade ilimitada”, como único valor moral, ao passo que se desprestigia a família?

Pois bem, diante disso, creio necessário que nos perguntemos: onde é que a nossa juventude aprende a virtude, que dever ser, acima de tudo, um valor reconhecido e amado pela criança, pelo adolescente e pelo jovem, uma convicção enraizada, uma prática exercida com empenho, da qual depende o bem da pessoa e da sociedade?

A família, sim, a família já foi e ainda agora deveria ser o ambiente de cultura mais propício para a descoberta, a valorização, o aprendizado e a prática das virtudes.  Mas, em que é está a família entre nós? Será que o mundo de hoje esquece que a família é a estrutura vital e moral indispensável para a construção do bem da sociedade?

Hoje em dia, como dizia o jurista Pedro J. Viladrich, a sociedade tem uma escolha a fazer: ou ser uma “constelação de famílias”, dessas células primárias, vitais, naturais, sadias, que constituem o bom tecido social; ou ser um “aglomerado de indivíduos”, preso cada um deles ao interesse particular e ligado aos demais por aquilo que Gustave Thibon chamava de “egoísmo compartilhado”.

Portanto, queridos irmãos no episcopado, cabe a nós também a missão de ensinar a nossos jovens que, como filhos e filhas de Deus pelo Batismo, tem a importante tarefa de fazer que o amor entre nós seja uma projeção do amor que acontece entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, simbolizado na cruz peregrina da Jornada Mundial da Juventude e que no Rio será mais uma vez derramado sobre todas as nações, através dos jovens que participarão naquela significativa manifestação.

É esta a tarefa que, junto com a cruz, os jovens brasileiros levarão para o Rio de Janeiro: levar ao mundo inteiro, através de seu testemunho, o amor que Deus tem por nós.

Encaminhemo-nos, junto com nossos jovens, para o Rio de Janeiro na perspectiva do Ano da Fé, esta linda iniciativa que quer ser um CONVITE para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo que, doando seu amor, introduziu numa nova vida.

Em virtude da fé, possa esta vida nova plasmar toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição, transformando nossas mentalidades e pensamentos para sermos, pouco a pouco, purificados e transformados em Cristo.

Eminências, Excelência, caros amigos,

Ao concluir, faço votos que a Campanha da Fraternidade alcance seus objetivos primários de revitalizar em todos os segmentos da sociedade o sentido mais nobre dos valores que norteiam a juventude brasileira.
Agradeço a atenção dispensada e peço ao Altíssimo abundantes graças para todos, a fim de que a luz do Espírito Santo ilumine esse evento de capital importância para a Igreja e para o Brasil.

Muito obrigado!
+ Giovanni d’Aniello    
Núncio Apostólico
Fonte:http://www.cnbb.org.br 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Papa Bento XVI é admirador de Celestino V que também renunciou



Vaticano - O Papa Bento XVI homenageou em 2009 a memória do Papa Celestino V, que renunciou em 1294, ao depositar em suas relíquias o "pallium" recebido em sua posse, em 2005.

Em 1294, Celestino V abdicou cinco meses depois de ter sido eleito. Este homem modesto vivia como eremita até a sua nomeação como Papa e não se sentia preparado para assumir a liderança da Igreja. Depois de renunciar, voltou a ser monge.

Celestino foi criticado por Dante Alighieri na Divina Comédia. O grande poeta italiano denunciou "a recusa de grande covardia" do Papa monge, único na história do papado.

Bento XVI sempre foi atraído pela vida monástica dos grandes místicos, e, de acordo com seu irmão Georg, sonhava em se retirar para escrever súmulas teológicas quando foi eleito Papa. Ele já havia previsto que se estabeleceria em um mosteiro dentro do Vaticano. Mas de acordo com o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, não será para viver em clausura, mas para dedicar-se "a escrever e estudar".

Em 28 abril de 2009, após o terremoto em Áquila, Bento XVI visitou a Basílica de Nossa Senhora de Collemaggio da cidade, onde estão as relíquias do Papa do século XIII. Ele as cobriu com o "pallium", a estola que cada novo Papa tradicionalmente carrega sobre os ombros no dia da sua entronização.

Em 4 de julho de 2010, ao visitar a mesma região, em Sulmona, Joseph Ratzinger referiu-se ao breve pontificado de Celestino V em uma longa homenagem: "Oitocentos anos se passaram desde o nascimento de São Pedro Celestino V, mas permanece presente na história por causa dos famosos acontecimentos de seu tempo e de seu pontificado, e, especialmente, da sua santidade".

O Papa, aparentemente aludindo às dificuldades da Igreja contemporânea, evocou as "lições" de vida, "válidas" até hoje, e falou "das características de um pontificado breve e atormentado".

Ele elogiou o "buscador de Deus", "o homem que queria encontrar respostas para as grandes questões da nossa existência", sua predileção pelo "silêncio" para "perceber a voz de Deus" e a "consciência clara do pecado, sempre acompanhado por uma consciência igualmente clara da infinita misericórdia de Deus para com as suas criaturas.


Bento XVI afirma que vai ficar 'escondido do mundo' após renúncia



O Papa Bento XVI indicou nesta quinta-feira (14) que pode ficar em isolamento, longe dos olhares públicos, após deixar o papado no final do mês.
"Mesmo me retirando para rezar, estarei sempre perto de todos vocês e tenho certeza que vocês estarão perto de mim, mesmo se eu permanecer escondido do mundo", disse ele em declaração de improviso a padres da diocese de Roma.

Bento XVI pediu nesta quinta uma "verdadeira renovação" da Igreja Católica, durante encontro com sacerdotes da Diocese de Roma.
A reunião já prevista, mas ela teve seu significado ampliado, já que será a última vez que se reúne com eles antes de renunciar ao pontificado, o que deve ocorrer em 28 de fevereiro.
"Temos que trabalhar para que se realize verdadeiramente o Concílio Vaticano II e se renove a Igreja", disse.

Os bispos auxiliares da diocese e as centenas de sacerdotes receberam o papa alemão com aplausos, vivas e outras demonstrações de carinho.
O papa entrou apoiado em um bastão, enquanto os aplausos se mesclavam com o canto 'Tu sei Petrus' (Tu és Pedro).

Bento XVI respondeu com um largo sorriso e dando várias vezes obrigado pelas mostras de carinho.
Bem humorado, ele contou piadas e falou sobre episódios de seu passado.

Secretário

O secretário do Papa e prefeito regional da Casa Pontifícia, Georg Gänswein, e as quatro laicas consagradas da comunidade "Memores Domini" que cuidam do pontífice acompanharão Bento XVI durante sua estadia em Castelgandolfo e depois no mosteiro do Vaticano onde ele vai morar.

A informação foi dada pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, que afirmou que Gänswein continuará como prefeito regional da Casa Pontifícia, mas viverá no mesmo mosteiro que o papa.
Lombardi afirmou que, mesmo quando Bento XVI não for mais papa, sua segurança será feita pela gendarmaria vaticana.

Lombardi disse também que ainda não há uma "indicação precisa" sobre o título que Bento XVI receberá assim que deixar o pontificado.
Questionado se perderá o nome de Bento XVI, Lombardi negou, afirmando que esse foi seu nome de papa e será mantido, "como é normal e lógico".

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013



Crer na caridade suscita caridade
"Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele" (1 Jo 4, 16)

Queridos irmãos e irmãs!

A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.

1. A fé como resposta ao amor de Deus

Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: "Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele" (1 Jo 4, 16), recordava que, "no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro" (Deus caritas est, 1).

 A fé constitui aquela adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e 'apaixonado' que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: "reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no ato globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está "concluído" e completado" (ibid., 17).

Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os "agentes da caridade", a necessidade da fé, daquele "encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor" (ibid., 31).

O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - "caritas Christi urget nos" (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus.

"A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (...) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única - que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir" (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente "o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado" (ibid., 7).

2. A caridade como vida na fé

Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o 'sim' da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20).

Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma "fé que atua pelo amor" (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).

A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é 'caminhar' na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).

3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade

À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma 'dialética'. Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o ativismo moralista.

A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4).

Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e ação, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De facto, por vezes tende-se a circunscrever a palavra 'caridade' à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o 'serviço da Palavra'.

Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8).

Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contacto com o divino que é capaz de nos fazer 'enamorar do Amor', para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.

A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: "É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas ações que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos" (2, 8-10).

Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente.

A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.

4. Prioridade da fé, primazia da caridade

Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a ação do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:"Abbá! – Pai!" (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: "Jesus é Senhor!" (1 Cor 12, 3) e "Maranatha! – Vem, Senhor!" (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20).
Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte.

A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).

A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Batismo e a Eucaristia. O Batismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé ('saber-se amado por Deus'), mas deve chegar à verdade da caridade ('saber amar a Deus e ao próximo'), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).

Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!

Vaticano, 15 de Outubro de 2012